terça-feira, 29 de maio de 2007

Críticas, Matérias e entrevista.


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"ESSES MOÇOS": CANÇÃO GAÚCHA INSPIRA
PRODUÇÂO BAIANA SOBRE UM PROBLEMA
BRASILEIRO


por Celso Sabadin- site planetatela

A canção “Esses Moços”, do gauchíssimo Lupiscínio Rodrigues, na voz do baianíssimo Gilberto Gil, une o sul e o nordeste brasileiros num problema cem por cento nacional: os nossos abandonados. Crianças e velhos. O diretor e roteirista José Araripe Jr. (o mesmo de “3 Histórias da Bahia”) toma emprestado o nome da música para realizar “Esses Moços”, um filme sobre abandonos, encontros e esperanças totalmente rodado na Bahia.

Confesso que logo nas primeiras cenas fiquei ressabiado: “Xiii, lá vem mais um filme sobre crianças de rua”, pensei, ao ver as meninas Chaeind Santos e Flaviana Silva (ótimas revelações) interpretarem Darlene e Daiana, duas irmãs que tentam sobreviver pedindo esmolas nos semáforos soteropolitanos. Porém, felizmente, quanto mais o filme avançava, mais eu me envolvia por ele, deixando para trás – bem pra trás - minha primeira e preconceituosa impressão.

Darlene e Daiane logo se mostram duas personagens bem construídas, vivas, críveis, espertas, sem as armadilhas e os desgastados clichês que o tema “crianças de rua” geralmente proporciona. Logo elas conhecem Diomedes (Inaldo Santana), um velho senhor com ar de perdido na vida, portador de um par de óculos escuros e redondos, geralmente associados aos cegos. Mas Diomedes vê. E as meninas enxergam nele a possibilidade de faturarem mais esmolas. Está formado um trio errante que sai sem rumo pela cidade em busca de parcos trocados que garantam alguma sobrevivência. Em trinca, Darlene, Daiane e Diomedes são mais fortes para segurar a barra da exclusão social e da violência urbana. Continuarão eternamente pobres, mas a solidão passa a ser opcional. O que já é alguma coisa.

“Esses Moços” pode cometer alguns pecados. O da ingenuidade, talvez, em determinados momentos. Se é que ingenuidade é pecado. Ou o da falta de uniformidade do elenco, que mistura ótimas e fracas interpretações. Mas acerta muito mais do que erra e se transforma numa bem-vinda surpresa vinda diretamente da Bahia na tentativa de ganhar o circuito nacional.

Curiosidade: o ator João Miguel (de “Cinema, Aspirinas e Urubus”) faz uma participação especial vivendo seu principal personagem do teatro: Arthur Bispo do Rosário.

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