sexta-feira, 18 de maio de 2007

Cinema no caminho de casa

Pré-estréia de “Esses Moços” atrai
convidados e curiosos para estação da Calçada


Lucas Cunha
Do A Tarde On Line

Muitos convidados do meio artístico baiano e alguns curiosos que estavam a caminho de casa formaram o público que assistiu à pré-estréia de “Esses Moços”, filme do cineasta José Araripe Jr., na estação da Calçada, na noite da última quinta, 17.

Mas as duas pessoas mais animadas com a exibição do filme pareciam ser as garotas Cheyend Santos, 14, e Flaviana Silva, 20, protagonistas de “Esses Moços” ao lado do experiente ator Inaldo Santana. “Lá na rua me perguntavam: esse filme vai sair ou é uma piada?”, disseram quase em uníssono as duas sorridentes garotas, que agora convidam os mesmos descrentes colegas de bairro e colégio para ‘assistir ao filme pra dizer se gostam ou não e encher o Multiplex’. É que o longa, que chega no circuito comercial em São Paulo e Salvador no próximo dia 25 de Maio, demorou seis anos entre as filmagens e seu lançamento para o público.

Elogios

Parece ter sido uma noite especial também para Araripe, que durante toda a exibição ficou dando entrevistas para programas locais de TV. “Só deu para ouvir as palmas no final”, disse o diretor, enquanto recebia os parabéns dos vários amigos e colegas do audiovisual baiano presentes: “Só ouvi comentários maravilhosos. A gente nunca vê nos jornais ou nos sites as opiniões das pessoas. Só a opinião de uma pessoa”, comenta Araripe, talvez já se defendendo de futuras críticas que “Esses Moços” possa receber por parte da imprensa especializada.

Um dos elogios veio do colega cineasta Fernando Beléns, diretor do ainda inédito “Pau Brasil”, à espera da resolução do impasse com questões de verba para poder ser finalizado e chegar aos cinemas. “Você remontou o filme? Porque cada vez que vejo eu gosto mais”, comentou Beléns ao colega, rasgando-se em elogios. “Não, só houve uma mudança na marcação de luz. Mas umas quatro pessoas vieram me perguntar isso”, respondeu Araripe. “Então mudei eu. Mas o que pode fazer uma marcação de luz, hein?”, finalizou Beléns caindo na gargalhada.

Público

E o público que não é da turma do cinema? O que achou do filme? Alguns garotos da ONG Bagunçaço, que estão participando do projeto TV Lata (uma espécie de tevê na internet), apareceram na Calçada para captar algumas imagens, entrevistar o pessoal do filme, e, claro, ver “Esses Moços”: “Gostei do filme porque mostra o que acontece no dia-a-dia de uma criança que vive na rua, sem pai nem mãe. É dessa forma que ela tenta achar uma forma de ganhar dinheiro”, analisa Bruno Rodrigues, 17, membro do projeto. “Ele fala não de vivência, mas de sobrevivência”, faz questão de deixar claro um outro colega de Bruno, também do Bagunçaço.

Já um espectador italiano comentou que “Esses Moços” não lhe convenceu: “Ele acaba querendo condensar tudo. Era uma abundancia de elementos para uma história curta. Uma necessidade de contar tudo que enche o saco”, disse o italiano que não quis se identificar. Mas seu amigo, o espanhol Daniel Miracle, da Bagunçaço, gostou do filme: “Gostei das paisagens mostradas e tem várias cenas engraçadas”.

Por fim, a população, que estava na estação apenas aguardando seu trem para ir para casa e teve como surpresa ver parte de “Esses Moços”: “Ele mostra a realidade, os lugares que eu conheço”, disse Jorge Luis, 55, aposentado, que mora próximo à estação, na própria Calçada. A ‘realidade’, ou seja, um filme que mostra sua própria cidade, parece ser o ponto mais abordado pela população, como no caso do estudante de 22 anos, Daniel Leal: “A gente está acostumado a ver aqueles filmes de fora. É bom ver um filme da gente”. Agora, resta esperar o dia 25 e ver se outros baianos terão interesse em ver esse filme ‘da gente’.

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